terça-feira, dezembro 05, 2006

O Adormecedor Jr. (Caderneta de cromos – Special Edition I)

Pooois…

O que é um Adormecedor? De onde vêm? Para onde vão? Quais as suas verdadeiras motivações? Apenas posso tentar responder à 1ª, partindo das minhas experiências pessoais com tais seres.

Devo admitir que, à primeira vista, compreendo que pareça algo exagerado o uso do termo “Adormecedor”… mas após umas quantas sessões com o Júnior qualquer indivíduo com 2 dedos de testa concordará com esta designação (que neste caso particular até é algo lisonjeadora).
Por onde começar?... Pelo princípio, parece-me bem. Primeira aula. Como é óbvio, para uma aula ser bem dada há que ir para trás de toda a audiência, porque o contacto visual é coisa que atrapalha, e um torcicolo por dia dá saúde e alegria!! Mas isso poderia passar como simples falta de jeito nestas lides do ensino. O que me faz realmente confusão é o seu dialecto muito próprio, talvez oriundo dessa terra distante donde são importados os Adormecedores. Trata-se de uma mistura de anglo-saxónico com algo… completamente imperceptível (e tudo com um sotaque impecável).
O Júnior aproveita qualquer oportunidade para nos referir que fez uns papers a propósito de [insert boring thing here], ou para nos falar das maravilhas do swarming dos Proteus, das vantagens de manter as culturas overnight, de fazermos um screening de não sei o quê, dos inúmeros flashbacks de aulas passadas, de nunca nos esquecermos de trazer o coating (lavadinho e passadinho a ferro, depois de desinfectado com álcool como é obvio), das últimas inovações científicas dos testes em realtime, do twitching de qualquer coisa……
Todos nós adoramos quando o Júnior nos começa a contar historinhas, ou nos diz que só desta vez vai fazer uma batotinha, ou que vamos usar uma gracinha para fazer uma experiência toda catita.
Mas no fundo, no fundo, é a sua maneira muito especial de comunicar que o torna tão bom Adormecedor. Ora vejamos alguns exemplos bem reais (létsse lú kéte de trâilar):

blá, blá, blá(…) Vocês já sabem isto tudo!..” (ou “Toda a gente já sabe isto!”)
blá, blá, blá(…) Já tínhamos falado nisto.” (Já??)
blá, blá, blá(…) Eu sei que isto é um bocadinho desidratante…
blá, blá, blá(…) Estou a ser fastidioso??...” Ao que prontamente (depois de acordarmos rapidamente, e fingirmos que estávamos a escrever qualquer coisa) respondemos todos (ou quase) em uníssono: “Nãããooo!” (hipócritas!)
blá, blá, blá(…) Ainda está cá??” dirigindo-se a algum pobre inocente desprevenido, que depois de se recompor no banco e se esforçar por abrir os olhos diz com uma voz embriagada de sono: “SS-Simm…
blá, blá, blá(…) eu preocupo-me com o que vocês têm que saber para a prova(…) blá, blá, blá [meia hora a falar](…) mas acho que isto vocês não têm que saber.
blá, blá, blá(…) Mas isto também são verdades à lá Palice.
blá, blá, blá(…) [a croma013] é como as Pseudomonas — precisa de Quorum sensing.” (a wikipedia diz-nos que “Quorum sensing is the ability of bacteria to communicate and coordinate behavior via signaling molecules”… para o caso de quererem saber)
blá, blá, blá(…) vocês hoje estão eutrópicos!” (ahh… ok) (segundo o wiktionary, eutrophic: 1.(of a swamp etc) being rich in nutrients and minerals and therefore having an excessive growth of algae and thus a diminished oxygen content to the detriment of other organisms; 2. (medicine) promoting nutrition) (esclarecidos? eu também não.)

É claro que existem muitas outras situações, mas que são dificilmente transcritas para texto. O uso constante de siglas de três letras que eventualmente explica (muito eventualmente) uma hora depois, ou vocábulos perfeitamente imperceptíveis, sendo completamente inútil pedir-lhe para repetir a palavra porque ele irá sempre repeti-la da mesma forma (tem o dom de tornar impossível tirar apontamentos). Refiro-me a “macônquei”, “brâinárte”, e afins… (é claro que depois de vermos estas palavras escritas dizemos sempre: então era isto que ele queria dizer!!)

Poema do dia:
Sleep that knits up the ravelled sleeve of care
The death of each day's life, sore labour's bath
Balm of hurt minds, great nature's second course,
Chief nourisher in life's feast.
by William Shakespeare, Macbeth


(parece-me adequado: não percebo metade das palavras)

2 comentários:

ραтяí¢ια disse...

Hmmm... um adormecedor mesmo à altura... Algo realmente... estonteante de tanto enfadonho... Claro que esqueceste-te de referir a barbixa oxigenada... o facto de ele conseguir falar e falar e falar e enquanto o faz nunca focar nem o computador que está habitualmente à sua esquerda, nem os alunos à sua direita... Pq no meio é que está a virtude... Já dizia alguém que n sei quem é... ms decerto estava n meio de algo :P
Dps tb há aquele seu velho habito de falar em todas as aulas dos cuidados a ter com as lentes de contacto, com a comida, com .... enfim... deixo ao vosso critério mas uma coisa digo: NÓS JÁ TEMOS A NOSSA TEORIA! (para mais informações contactar....) ;)
enfim... tt coisa... e agr ja nem o facto de abanar a cabeça me salva do adormecedor junior...

Anónimo disse...

Just lol Panike!